segunda-feira, 5 de maio de 2008

Modelos de Desenho Instrucional (Parte 1 de 2)

O que fazem os desenhadores instrucionais?
O desenhador instrucional trabalha em colaboração com o especialista na matéria, também chamado conteudista, para desenhar materiais que facilitam a respectiva aprendizagem. (Este material baseia-se no artigo de Noel Jackling, ‘Weaving my own design’, in M. Parer (ed.), Development, design, and distance education (1989).)

Recomenda-se que o desenhador instrucional consulte o especialista na matéria da seguinte forma:

· considerando o especialista na matéria como um perito sobre o tema;
· escutando o que o especialista na matéria diz;
· dando feedback ao especialista na matéria (por exemplo: “Se fosse estudante, a minha resposta seria…”);
· procurando esclarecimentos;
· encorajando no vas ideias (por exemplo: “Já pensou ...?”);
· perguntando ao especialista na matéria: “Quais são os resultados pretendidos?”;
· extraindo a sabedoria tradicional de ensino a partir de uma disciplina específica e respeitando-a; e,
· mantendo, como preocupação principal, o que é melhor para o aluno.

Atitudes não recomendadas no relacionamento entre o desenhador instrucional e o especialista na matéria:

· consultor externo;
· perito de processos;
· paternalista (alimentar, à colher, o especialista na matéria)
· colonialista (encorajar o especialista na matéria, sem nunca lhe dar qualquer independência);
· pregador (pregar valores ao especialista na matéria);
· instrutor (considerar o especialista na matéria como um aprendiz);
· remediar os defeitos do especialista na matéria;
· prescrever métodos de ensino para determinados temas; e,
· conselheiro centrado no cliente.

Tarefas de um desenhador instrucional
O desenhador instrucional funciona como um “aluno virtual”, que interroga o especialista na matéria com perguntas que seriam colocadas por um aluno, por exemplo:


· Estou a perceber ou estou baralhado?
· Existe uma ambiguidade?
· Será que existe um percurso de aprendizagem claro?
· De onde venho?
· Para onde vou?
· Estarei a transformar-me de aluno crédulo em perito?
· Será que um exemplo me ajudaria a perceber?
· Será que um exercício me ajudaria a aprender através da prática?
· Será que considero que o redactor está a escrever para mim, pessoalmente, ou será que o redactor está a ser impessoal e desnecessariamente “académico”?
· Será que me sinto afastado de todo o tema por causa da dificuldade do primeiro item de avaliação?
· Será que me sinto afastado por causa do estilo de escrita ou da utilização de palavras caras e de frases desnecessariamente compridas? Será possível dizer, mais simplesmente, o que está a ser dito?
· Será que estou a receber indicações acerca das partes que são realmente importantes?
· Será que a estrutura é aparente? Será que os organizadores de progressão foram sinalizados?


Métodos construtivistas para o desenho instrucional
A maior parte dos livros de estudo sobre desenho instrucional mencionam métodos “objectivistas”, que se prendem, principalmente, com a transmissão de conhecimentos e com a facilitação do processo de aprendizagem desses conhecimentos.


Pelo contrário, os métodos construtivistas do desenho instrucional colocam os alunos e os conhecimentos que eles trazem à situação de aprendizagem no centro do desenho instrucional. Estes métodos baseiam-se nos princípios seguintes:


· Os alunos são uma fonte legítima de conhecimentos. Os alunos são encorajados a aprender a confiar neles próprios e nos respectivos conhecimentos.
· A aprendizagem não é um exercício passivo de absorção de conhecimentos (informações) desenvolvidos e transmitidos por “peritos”. Os alunos são encorajados a tomarem o controlo e a iniciarem a própria aprendizagem.
· A ambiguidade e a contradição não constituem problema. Podem ser úteis para incitar uma aproximação em termos de resolução e de colocação de problemas na aprendizagem.
· Uma reflexão sistemática constitui uma actividade essencial para que a experiência facilite uma compreensão mais profunda.

Debate: Debata exemplos de colaboração eficiente entre os desenhadores instrucionais e os especialistas na matéria, a partir da sua experiência e das experiências dos participantes.

Publicado por: The Commonwealth of Learning e Asian Development Bank

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